De um lado era São Sebastião do outro Ilhabela. Subimos na balsa e depois
de alguns
minutos, já com o céu escuro a travessia chegava ao fim. Desembarcamos numa Ilha iluminada e acolhedora e fomos rumo
a um bar encantado chamado Estaleiro.
A viagem prometia muitas surpresas. Aceleramos para dentro da noite de sábado.
Ainda eram 19h30min e até às 22 horas tínhamos que passar o tempo de alguma
forma até encontrar a nossa banda preferida que também eram nossos amigos, para
uma noite de show no Estaleiro Bar com o Dialeto Dub.
Estávamos eu e o Thiago naquele início de noite sem saber o que fazer.
Demos uma volta pelas ruas da Vila de Ilhabela e paramos num Café que também era loja de cds e óculos, um lugar agradável. Lá tomei um expresso e como sempre não me contentando
com um só, pedi outro. Tomei as duas xicaras e ainda o relógio marcava 20h30min
e pra enrolar mais um pouco, um cappuccino foi pedido pelo Thiago. Levantamos fomos conhecer o restante da loja, pedi pra colocar um cd de
jazz. Era Miles Davis tocando um belo som. Pagamos a conta e saímos para a rua que era a beira mar. Fomos ao píer onde
pessoas
pescavam utilizando molinetes com
iscas luminosas, todos numa concentração que dava gosto de se ver.
Voltamos para rua e adentramos em uma livraria, vimos vários livros e
quadros. O celular tocou. Era o Bruno dizendo que já estava em frente ao bar. Fomos
pra lá e nos juntamos a mais quatro na noite.
Tomamos uma cerveja e comemos lanches na padaria ao lado do Estaleiro Bar e
em seguida começamos a arrumar o palco para a banda.
O bar
O Estaleiro era um bar aconchegante, era um lugar aberto cercado por uma
mureta não muito alta, o que permite aos frequentadores observar o movimento da rua e
mais a frente o mar.
A iluminação era feita por algumas luzes, que não deixavam o lugar nem
muito claro e nem muito escuro, assim podíamos observar as paredes com algumas
pinturas, revelando um ambiente recheado de arte. Ao centro do bar algumas mesas e
cadeiras, mas o pessoal queria mesmo era ficar
em pé.
Antes de o local encher, a banda já começou a tocar e a energia do ambiente
que já era boa, ficou ainda melhor. Aos poucos as pessoas iam entrando, encantados
pelos sons e pela diversidade de gente que se reuni ali.
As pessoas
No decorrer da noite, me sentia bem ao lado da Cyn e do Thiago enquanto
assistia ao Show do Bruno, do Wilian e do Marcelo. A casa ia enchendo cada vez mais.
Pessoas de todos os tipos. Fui até o balcão pegar uma cerveja e esbarrei em um índio e não acreditei,
comecei a conversar com ele e descobri que seu nome era Jorge. Ele falava de suas
apresentações caracterizado de indígena. Ele falou
que gostava de mostrar sua cultura, mas ficou desiludido quando soube que quem o levava para tais apresentações só queria
o dinheiro e não estava nem aí para o seu povo. Comentou que deixara sua aldeia e vive agora como um homem branco,
disse que sofria muito preconceito, por isso, saiu de sua tribo Tupinambá, se casou
com uma mulher branca e ela foi a única que
ele amou, mas a largou, pois ela era extraviada. Não quis entrar em detalhes sobre sua vida amorosa e voltei pra junto dos
meus.
Trocamos de lugar, fomos mais pra perto do palco e ficamos num canto. Ali
na parede havia uma pintura, era um ser meio
homem meio peixe que flutuava num céu azul. Certa hora essa criatura grudou no meu pescoço e me passou algumas
informações, ele tinha observado uma moça me olhando e falou pra eu ir perto dela. Eu já
estava meio desconfiado, pensei que estava sonhando acordado que uma pintura de parede
estava falando comigo, mas quis ver até aonde ia essa história. O desenho na
parede continuou insistindo pra eu me aproximar da garota, aí então foi a hora
que eu decidi desmascara-lo e perguntei: “onde ela está?”
O homem peixe voador chegou perto de mim, me abraçou e falou: “ ali do lado
daquele senhor que deve ter uns 90 anos dançando e pulando” Achei isso a gota
d’água e gritei com aquele habitante da parede do bar:
“ Você é louco, são duas da manhã, não tem ninguém com essa idade aqui muito menos pulando e dançando” Ele só mandou eu me virar para trás
e olhar e isso foi o que eu fiz. Deparei-me com tudo
que ele falou, a moça me olhando e o senhor eufórico com a sua dança
mais que atual. Era tudo verdade.
Me aproximei da moça, me encantei por ela e a fiz se encantar por mim. Com
o velhinho, dancei, pulei e dei-lhe um abraço.
Comecei a pensar que estava em um bar num reino encantado, onde todas as
pessoas, independente da idade, da cor e de
sua posição social eram iguais. No final da noite cada um foi para sua casa e nós seis que não éramos da
Ilha, tivemos que encontrar um canto pra dormir aquele resto de noite que ainda restava.
:D
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