quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

( Viagem para São Tomé das Letras MG)

E lá no alto da montanha até as pedras te acolhem. Lá no topo, a hora que chegamos já era noite, mas a lua cheia brilhava tanto que parecia ser o sol quando iluminava nossos caminhos, eu realmente achei que era o astro rei que brilhava no céu de São Tomé das Letras a meia noite, mas logo senti a ausência de calor e o frio cortante queimar a minha pele. Aceitei que estava sob a lua mais bonita que já vi, estávamos mais perto do céu...
Gui Batista

Aconteceu em Ubatuba ( Loucos na BR )

Aconteceu em Ubatuba

Loucos na BR 

A placa pediu pra parar e paramos, um deitou no chão, o outro começou a tocar o       violão e quando alguém perguntou: "você tá bem cara?" Ninguém aguentou e todos    começaram a rir.
Era meia noite quando saímos da Aldeia rumo as margens da Rio santos, chegamos  num ponto mais escuro que o breu, fomos guiados por um doido fenomenal. Todos em busca de estrelas no céu, ou do céu nas estrelas que eram muitas naquela noite.
Nos Sentimos confortáveis na beira da estrada e parecíamos esperar algo nos ser      servido por alguém que por lá passava, pois todos portavam uma lata prateada que      inicialmente era de cerveja, mas naquela altura vazia já estava.
Vimos cometas, estrelas cadentes, meteoritos e milhares de coisas no céu. Depois de quase uma hora com os olhos voltados para cima, decidimos olhar para a pista, sem  pensar alguém disse vamos imitar o pica pau nas cataratas e de repente gritávamos   uma saudação para todos os carros que passavam. 
Ao fim dessa aventura voltamos no escuro, caminhando, cantando e tentando não      pisar nas pedras invisíveis da rua de terra que nos levava de volta para a Aldeia           Itamambuca.
já acomodados de volta em nosso lar em Ubatuba, sentamos ao redor da mesa e         todos se deliciaram com uma ótima sobremesa antes de cada um ir para o seu canto  dormir esperando um novo dia nascer.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

A estrada nunca tem fim

Em toda nossa existência achamos que estrada termina em nosso local de destino, mas na realidade sempre tem um pouco mais de chão pra se andar. A estrada não tem fim, temos sempre possibilidades múltiplas de continuar a viajar.
Estou começando a ter certeza que eu não pertenço a nenhum lugar, sou do mundo e quero ficar por aí a rodar, pelos quatro cantos buscando em tudo novos encantos e redescobrindo a cada curva o verdadeiro sentido da vida...
Continua...
Gui Batista

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Perdido nas estradas


Um vira lata foi como eu me senti, abandonado em um posto de gasolina na beira da estrada e de tanto me sentir assim, comecei realmente a me transformar em um cachorro. Pensei em ser um pit-bull para aproveitar minha cara fechada e espantar as ameaças que podiam aparecer, mas pensei que com a cara de poucos amigos, poderia era é afastar os que se aproximavam. Então veio a mente ser um puddle branquinho, igualzinho aqueles de apartamento, mas logo tirei essa ideia da cabeça, imagina eu em posto no meio do nada, pulando em todos que passam a minha frente, quase que implorando carinho e atenção, definitivamente não ia rolar.
Passei dias com a dúvida cruel, perdi noites de sonos, andei perdido pelas redondezas e por fim aceitei ser aquilo que no fundo eu sabia que eu era. Falei comigo mesmo: “Agora eu não apenas me sinto, eu sou um vira lata”.
Assumir minha condição me fez enxergar o mundo diferente, o posto não era mais qualquer lugar no meio do nada, agora era o meu lar. Ficava em uma BR movimentada, mas ao mesmo tempo em que muitos carros, caminhões e ônibus passavam, eu tinha a paz e tranquilidade de ser um dos poucos moradores dali.
O posto era pequeno, ao todo eram oito bombas de abastecimento, o chão de cimento com alguns buracos pequenos e outros grandes, quando chovia poças se formavam, as cores do telhado, das paredes e de tudo mais que levasse algum tipo de tinta, estavam tão desbotadas que quase não eram reconhecidas pelos viajantes que estavam perdidos e procuravam o Auto Posto Vermelho e branco. Sim o posto tinha as mesmas cores descritas no nome, mas por falta de manutenção, limpeza e pintura, alguns passavam batido por não reconhecerem aquela parada tradicional.
Ao fundo um restaurante que em outros tempos fora premiado por ter a melhor comida de estrada, naqueles dias só servia o trivial, mas não o da região e sim o de outra, o trivial que os novos donos conheciam.
Eu por varias vezes sentei ao lado da escadinha que dá acesso ao restaurante e observei o entra e sai de turistas, na maioria das vezes saiam reclamando que a comida não era mais a mesma, que o lugar tinha virado uma espelunca e que se não fosse a tradição não tinham parado ali.
Quando me assumi um vira lata, comecei a conversar com os frentistas, eles passaram a me cumprimentar e me fornecer água da torneira em um pote feito de lata. Ficava o dia todo ouvindo cada um deles contarem suas histórias...
Continua
(Gui Batista)

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Memórias sendo escritas durante a corrida da vida

Descia a Oswaldo Cruz de carona, sentado no banco traseiro, eu olhava para o oeste naquele fim de tarde e via a imensidão verde, eram grandes vales e ao longe, altas montanhas. Estávamos próximos ao Parque Estadual da Serra do Mar, prestes a deixar pra trás a linda cidade de São Luís do Paraitinga. Sentia o vento na cara e o calor de 36 graus. Acompanhado por mais três lindas moças que até duas horas atrás eram completamente desconhecidas, mas a estrada nos tornou próximos.
Quatro viajantes e um destino, era o início de mais uma viagem incrível.
No meio do caminho, no lugar do chá da tarde eu tomei dois goles de cachaça e pensei no que ia jantar quando a fome apertasse.
A serra ficou pra trás e agora já estávamos no mesmo nível do mar. A motorista foi deixando cada um de nós pelas ruas de Ubatuba. Eu fui largado na Thomás Galhardo, bem em frente a rodoviária. Caminhei por aquela rua feito um vagabundo, me senti como SAL PARADISE (personagem de Jack Keroack no livro On The Road) andando andando pela Rua Larimer, em Denver.
Entrei em um mercado, comprei cerveja, água, pão de forma, maionese e milho em lata. Sai, mas tive que voltar até as prateleiras para pegar uma garrafa de São Francisco.
Coloquei tudo dentro da minha grande mochila e fui, mas antes tomei um café e comi uma torta numa padaria que ficava ali na mesma calçada. Depois de alimentado, andei no entardecer até o ponto de ônibus e por sorte peguei rapidamente o ônibus Picinguaba/ Divisa.
Quando desci no km 38,5 da Rio-Santos já era noite, caminhei no escuro rua abaixo próximo de alguns estudantes e finalmente cheguei no meu lar em Ubatuba.
Era 18:30 quando encontrei o Fábio sujo de tinta pintando a Aldeia Itamambuca, o meu refúgio.
Essa era a primeira viagem de uma sequência ininterrupta que ainda não sei quando terá fim. Semanas seguidas despencando serra abaixo de todas as maneiras...
Continua.

(Gui Batista)

O viajante e a estrada

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Muito se aprende na BR rumo ao ( Gui Batista)


Ouvi uma frase que me instigou mais ainda a partir rumo ao sul, há muito tempo tenho pensado em sair do sudeste e rumar para novos lugares. Alguns dias atrás estava dando aula e um aluno me falou que no feriado iria viajar para Florianópolis, na hora e sem pensar perguntei se onde ele ia ficar dava pra colocar uma barraca no quintal ou se teria algum lugar pra mim e mais três dormirem, ele disse que ia ver com o irmão e me falava em outro momento.
Comecei a tentar juntar o pessoal da última viagem que fiz para Itamambuca em Ubatuba, falei sobre a ideia de ir pra Floripa e na hora os três ficaram empolgados como eu. Fui pra casa passei uma mensagem para um amigo que mora lá pra ver se conseguia uma casinha para nós quatro e fiquei aguardando o retorno.
Alguns dias se passaram, convidei outro amigo para entrar na trip, esse já experiente em ir para o sul, fiz o convite e na hora ele aceitou, disse que ia ser muito legal e que eu ia gostar. Fiquei feliz por ter mais um em nossa viagem, mas em seguida ele fez uma série de questionamento que me deixaram chateado.
Conversamos por mensagens por algum tempo e ele primeiro perguntou se os quatro ou cinco caras iam no meu carro, respondi que sim e quis saber o porquê da dúvida, aí ele me disse que ia forçar muito o motor, achava melhor não. Pensei comigo mesmo e lembrei que já tinha percorrido quase a mesma distância com mais três mulheres e suas bagagens e o carro foi muito bem. Depois ele veio com a ideia de que ele dirigiria nos pontos críticos e que o caminho era perigoso para eu ir dirigindo, falou que conhecia tudo e que já havia ido pra lá oito vezes, que não era fácil, disse  que aquela estrada não é pra qualquer um e que um amigo dele levou um dia pra chegar lá enquanto ele faz em dez horas.
Prestei atenção em tudo e percebi que um pânico estava sendo criado em cima disso tudo, notei também que em vez de palavras de incentivo, estava recebendo o contrário, coisa que eu jamais faria com alguém que estivesse na empolgação que eu estava. Poderia até orientar, mas jamais colocaria medo dizendo que caminhões em alguns trechos empurram carros que estão a sua frente. Eu simplesmente alertaria dos perigos usando palavras de encorajamento.
Mas uma frase que ele disse me chamou atenção: “Se aprende muita coisa na BR rumo ao Sul”. Na hora que ouvi isso, decidi que iria dirigindo e com certeza aprenderia muito e nesse instante lembre-me de uma frase que ouvi um dia: “As tartarugas aproveitam muito mais os caminhos do que as lebres.” Percebi que não importava o quanto iria demorar pra chegar lá e nem quais seriam as dificuldades, eu simplesmente iria como sempre faço nas estradas, com muita cautela e respeitando os perigos. Não precisava chegar rápido, só precisava chegar.
Decidi deixar pra lá essa parte que me chateou e entrei em contato com o Marcio Misso para tentar achar um lugar para ficarmos. Mandei uma mensagem falando sobre um texto que havia publicado sobre uma viagem que fiz no passado e disse que estava escrevendo mais um, mas só conseguiria acabar de escrever se fosse para Florianópolis, por isso, precisava de um lugar pra ficar lá no feriado.
Aguardei ansioso a resposta que veio com boas novas: o lugar estava arrumado. Era um quarto com um beliche e uma cama de casal em uma das casas do Marcio que um dia fora meu aluno em uma das inúmeras academias que já dei aula. Ele cobrou um valor que para mim estava ótimo. Prontamente respondi a mensagem dizendo que ia confirmar tudo com os três amigos que iam comigo e logo confirmaria.
Falei com o Alan sobre os valores e ele sem pensar topou, na sequência o Rafa também confirmou depois de checar seu orçamento, o único que não tinha certeza era o Vitor, pois teria um compromisso na mesma data, mas ele ficou extremamente empolgado em abandonar o compromisso e juntar-se a nós.
Com a semana quase chegando ao fim, o Marcio que estava passando dias em São Paulo foi fazer um treino na academia onde eu trabalhava, conversamos muito, o apresentei para o Vitor e nesse momento, o pouco que faltava para convencer aquele que parecia ser o último a entrar em nossa barca rumo ao sul, foi feito pelo nosso anfitrião em Florianópolis quando trocou algumas palavras com o indeciso, mas quase certo em nossa viagem.
O fim de semana veio e passou, o clima se transformou e pela primeira vez naquele ano, realmente vi o outono se mostrar. Choveu, ventou, o céu acinzentou e a semana seguinte com frio começou.
Na segunda, confirmei mais uma vez com todos sobre a viagem e todos inclusive Vitor, confirmaram que iríamos todos juntos. Fui ao banco depositei a metade do valor cobrado e a partir daí não tinha mais jeito de voltar atrás.
Quando tudo estava fechado, eis que mais um integrante surge e agora seriamos cinco, quatro homens e uma mulher rumando para o sul de nossas vidas. Todos ávidos e ansiosos por essa que parecia ser a viagem do ano. Cada um em seu canto imaginando os caminhos, as estradas e seus encantos.

Uma viagem e tanto

Hoje acordei extremamente cansado foram quatro dias de viagem, comecei a lembrar do que escrevi antes da partida e vi que a semana que antecedeu a nossa partida passou rápida e eu por incrível que pareça não me vi em nenhum momento ansioso, mas tudo mudou no dia que iriamos pegar a estrada, meus pensamentos ficaram acelerados, a eminencia de ir rumo a Santa Catarina pela primeira vez mexia comigo como se eu já pudesse ver muitas coisas se transformando em minha vida.
Pois bem a noite de quinta chegou, eram dez e meia quando saímos do trabalho. Eu e o Vitor passamos na casa dele, comemos lanches preparados pela Vilma sua mãe, que também fez uma deliciosa torta para nos alimentar durante a viagem, em seguida passamos e pegamos a Aline, depois o Rafa e por último o Alan e suas pranchas.
Pegamos a Regis Betencourt por volta de meia noite e meia, fui o primeiro a dirigir,
eu realmente queria estar na direção na parte que todos consideram a mais crítica, a mais perigosa e traiçoeira, a temida Serra do Cafezal. Dirigi por aproximadamente cinco horas, encarando um desafio que me foi imposto quando ouvi um amigo dizendo que não era para eu dirigir por ali. Por estar com lentidão, o desafio se tornou fácil, mas mesmo assim percebi certos perigos em algumas curvas que enganam. Passamos por ali ao som de reggae. Quando nos demos conta que ainda estávamos no fim dessa serra e só tínhamos rodado pouco mais de 100 kms, percebemos que a estrada seria longa.
                Fizemos a primeira parada para um café. Eeu queria continuar, mas ao descer do carro,  percebi que a primeira troca de motorista se fazia necessária. Entramos no carro com o Vitor ao volante desta vez, eu permaneci no banco da frente e quando saímos do posto, notamos que a BR já permitia uma velocidade maior do que a que estávamos antes da parada.
                O dia começava a dar as caras e o sol que queríamos ter visto nascer na estrada na última viagem e não conseguimos ver, nasceu lindo e quente, iluminando nossos caminhos e aquecendo nossas almas.
Cinco viajantes passando pela divisa de São Paulo com o Paraná rumo a Florianópolis. Nesse momento percebi que as arvores que nos acompanhavam, em sua grande maioria eram pinheiros, lembrei-me da música do Dijavan em que ele frisa a existência de tal espécie neste estado, que naquele instante começávamos a percorrer.
                A essa altura, todos já se conheciam um pouco mais. A Aline que nunca antes nos vira, se enturmou facilmente e a conversa fluía. Um misto de papo sério com simples brincadeiras, garantiram muitas risadas entre um pedaço e outro de torta, que por sinal estava uma delicia e caiu muito bem.
                Nesse trecho do percurso, eu já empunhava em minhas mãos uma máquina fotográfica e dei início oficialmente a uma profissão que eu já venho trabalhando há anos, na verdade eu só criei um nome para uma velha mania que tenho de tirar fotos de placas. Não podia ver uma placa que lá estava eu, registrando para mais para frente cataloga-las. Por isso, me auto-intitulei de Placógrafo e mesmo que eu quisesse deixar passar uma ou outra sem um click, alguém já gritava: olha a placa Gui.
                Paramos mais uma vez para ir ao banheiro, esticar as pernas e comer algo que não fosse torta, voltamos ao carro e dessa vez quem assumiu a direção foi o Rafa, a Aline sentou ao seu lado. Atrás ficamos eu, Alan e o Vitor. O caminho seguia, a conversa continuava e desde a Serra do Cafezal ninguém dormia, depois da Buzinada que tomei de um caminhão numa curva.
                No banco de trás três loucos falando besteira e fazendo piada de tudo o que possa imaginar. Na frente o Rafa inspirado pelo som do Fala Mansa, acalmou a voz e de maneira doce conversou com a Aline por um longo tempo enquanto nos encontrávamos parado outra vez no congestionamento. A partir da aí surgiu em nós, um sentimento que pode até ter sido de brincadeira, mas no fundo tinha um pouco de verdade. Cada um guardou para si o que sentiu, mas como estávamos sendo muito transparentes uns com os outros, todos em alguma hora ia se abrir.
                O Paraná ficou para trás e Santa Catarina chegou com pontos congestionados. Mais uma parada e a penúltima troca de motorista. O Alan assumiu o volante e dirigiu até pararmos num posto na beira da estrada, fomos ao banheiro e perguntamos como fazíamos para chegar na praia do Moçambique. O frentista com uma gentileza que eu jamais vi em qualquer um outro, nos explicou, desenhou um mapa em um pedaço de papel e nos deu as boas vindas a Floripa.
                Saímos do posto com a Aline dirigindo, eu de copiloto e os três no banco de trás. Fomos seguindo as orientações e acompanhando o mapa, passamos por cima da ponte indicada e quando me distrai, vi o mapinha feito com tanto carinho voar pelos ares e sair pela janela. Mesmo sem o mapa, conseguimos chegar, não pelo melhor caminho, mas sim por um outro indicado por um senhor que nos informou da seguinte forma “Moçambique, sim aqui vai dar lá, mas tem que subir o morro e o chão é de terra. Vocês vão?” respondemos que conseguíamos subir e fomos.
                Subimos uma montanha e depois veio à descida, parecia que não íamos chegar a lugar nenhum, mas chegamos e lá estávamos ancorando nosso barco de rodas após dezesseis horas de viagem. Finalmente chegamos e fomos recepcionados pelo amigo e anfitrião Marcio Misso, o dono do Mozamba Surf House.

Finalmente estávamos em Florianópolis
                O certo nessa hora era descarregar o carro e procurar algum lugar pra almoçar às 17h e foi isso que fizemos, mas não achamos lugar servindo almoço e decidimos ir para a praia mesmo sem comer. Todos virados com mais de trinta horas sem dormir, aproveitando a praia. O Rafa logo de cara, ao tentar pegar uma onda, fez um corte na testa com a prancha, Vitor e Alan também tentaram surfar, eu e a Aline só ficamos na areia. O pôr do sol naquele nosso primeiro dia foi fantástico, o céu ganhou varias cores, rosa misturado com laranja e amarelo.
                Voltamos para nosso lar em Floripa, conhecemos a esposa do Marcio, uma pessoa muito especial com o nome de Cátia que nos acolheu de maneira espetacular, nos deixou como se estivéssemos realmente em nossas casas.
                A noite caiu, o Marcio sugeriu um bar ali por perto chamado Kanoas. Aceitamos na hora. As 21h estávamos chegando ao bar, nos sentamos, pedimos belas refeições que vieram com um sabor maravilhoso, bebemos e conhecemos novas pessoas. A felicidade de estar lá era tanta que esquecemos até do cansaço.
                Um casal de amigos de nossos anfitriões chegaram e sentaram em nossa mesa, era o Windsor e a Marisa. A conversa estava gostosa e a noite avançava. Uma banda tocava um Jazz lindamente e por varias vezes me lembrei dos bares que frequento em São Paulo, o Reza Vela e o Oyagiban.
                Eu queria falar uma poesia e pedi para uma garçonete, a moça falou com o dono e de um minuto para o outro me vi no palco recitando minha poesia Vidas.  Senti que falei bem, vi que todos prestaram atenção e vi também o bar inteiro me aplaudir.
                Voltei para a mesa realizado e feliz, a galera começou a se despedir e quando percebemos que já estávamos caminhando para a quadragésima hora acordados também fomos embora.
                Fomos dormir naquela noite com visões e impressões fantásticas. Quando chegamos no Mozamba Surf House, cada um em seu canto, mesmo que o canto de nós todos fosse o mesmo, apagou e descansou, mas antes eu e o Alan ainda gastamos o resto de energia que nos sobrava conversando e dando muita risada na calçada em frente a nossa casa. Falamos sobre o sentimento que nos assolava e da hora que ele brotou, que foi naquele momento de conversa baixa entre a Aline e do Rafa, sabíamos que era uma brincadeira, mas que tinha um pouco de verdade, pois sem ao menos falar o que estávamos sentindo já sabíamos que sentíamos a mesma coisa.
                Nossas risadas cessaram, decidimos entrar e dormir. Em nosso quarto do hostel, tinha uma cama de casal onde o Vitor e sua prima Aline dormiam, um beliche onde o Rafa dormia na cama de cima o Alan deitou na de baixo e eu desmaiei em um colchão no chão.             
                A noite de sono não foi suficiente para descansarmos, mas sabíamos que não havia tempo a perder, por isso logo que o dia amanheceu, pulamos da cama e pensamos em ir comprar o nosso café, mas dois de nós tiveram essa ideia um pouco mais cedo e quando estávamos na janela frontal de nosso lar, vimos depois de uma longa espera, o Rafa e a Aline voltando da padaria.
                Eles vinham caminhando tranquilamente pela rua de bloquetes, traziam nas mãos sacolas brancas e parecia que estavam tendo uma conversa agradável. Nesse momento o sentimento que nos assolava transbordou pelas nossas bocas e eu e o Alam falamos ao mesmo tempo – “ To com ciúmes” e caímos na risada.
                Tomamos um café reforçado e planejamos como seria o nosso roteiro em Floripa. Já era sábado e deveria ser o segundo dia, mas por causa do incrível congestionamento, se tornou o primeiro. Decidimos ir conhecer a praia de Jurere Internacional. Lá fomos nós, ainda era manhã e já começamos a bambear o cérebro com goladas de cachaça e um tal de diabo azul que se fazia misturando Curaçal blue, gás de esqueiro e fogo.
                Já na praia, curtimos tudo e a cada gole de cerveja, as palavras saiam mais fáceis. Tomamos banho de mar, os caras pegaram ondas, ou melhor treinaram pra um dia pegar, aproveitamos ao máximo.
                Decidimos ir almoçar, arrumamos as coisas no carro e eu tomei mais uma dose do drink azul e vi o mundo girar, sentei no banco de trás me sentindo mal, com o cérebro mais bambo do que o normal e o estomago embrulhando não sabia se era de fome, por conta do álcool ou as duas coisas.
                A Aline assumiu o volante e de repente logo a nossa frente uma ladeira enorme surgiu como um convite para o Vitor. Ele pegou seu skate, desceu do carro, colocou o tênis e pediu para filmarem sua descida.
                Igual a um foguete, Vitor ia descendo enquanto o Rafa ou o Alam filmava tudo. Eu a essa altura estava vendo tudo embaçado, vi um show de coragem e habilidade encima de um skate, um cara louco sem proteção nenhuma encarando aquela ladeira nunca antes vista em sua vida. Até o elefante cinza de pelúcia que enfeitava nosso carro se impressionou.
                Lá embaixo, nosso skatista entrou no carro novamente, agora com a cabeça feita por conta da adrenalina, ele realmente estava satisfeito com aquilo que fez.
                Começamos a procurar um restaurante para comermos e paramos. Entramos, pegamos nossos pratos e devoramos nossos almoços com vontade de quem não comia a semanas. Eu era o mais esfomeado, mas isso não me impediu de perder meu último pedaço de carne, que foi pego por alguém enquanto eu me distrai por um segundo.

                Voltando para o Mozamba, alguém tirou as músicas que já estávamos cansados de ouvir e colocou um DVD do Chapolin Colorado em espanhol e ai eu não entendi mais nada. Todos riam achando engraçado a cena que nós mesmos estávamos protagonizando.


Continua...

sexta-feira, 21 de junho de 2013

O que vivi no Estaleiro Bar


De um lado era São Sebastião do outro Ilhabela. Subimos na balsa e depois de alguns
minutos, já com o céu escuro a travessia chegava ao fim. Desembarcamos numa  Ilha iluminada e acolhedora e fomos rumo a um bar encantado chamado Estaleiro.
A viagem prometia muitas surpresas. Aceleramos para dentro da noite de sábado. Ainda eram 19h30min e até às 22 horas tínhamos que passar o tempo de alguma forma até encontrar a nossa banda preferida que também eram nossos amigos, para uma noite de show no Estaleiro Bar com o Dialeto Dub.
Estávamos eu e o Thiago naquele início de noite sem saber o que fazer. Demos uma  volta pelas ruas da Vila de Ilhabela e paramos num Café que também era loja de cds e óculos, um lugar agradável. Lá tomei um expresso e como sempre não me contentando com um só, pedi outro. Tomei as duas xicaras e ainda o relógio marcava 20h30min e pra enrolar mais um pouco, um cappuccino foi pedido pelo Thiago. Levantamos fomos conhecer o restante da loja, pedi pra colocar um cd de jazz. Era Miles Davis tocando um belo som. Pagamos a conta e saímos para a rua que era a beira mar. Fomos ao píer onde pessoas
 pescavam utilizando molinetes com iscas luminosas, todos numa concentração que  dava gosto de se ver.
Voltamos para rua e adentramos em uma livraria, vimos vários livros e quadros. O celular tocou. Era o Bruno dizendo que já estava em frente ao bar. Fomos pra lá e nos juntamos a mais quatro na noite.
Tomamos uma cerveja e comemos lanches na padaria ao lado do Estaleiro Bar e em seguida começamos a arrumar o palco para a banda.

O bar

O Estaleiro era um bar aconchegante, era um lugar aberto cercado por uma mureta não muito alta, o que permite aos frequentadores observar o movimento da rua e mais a  frente o mar.
A iluminação era feita por algumas luzes, que não deixavam o lugar nem muito claro e nem muito escuro, assim podíamos observar as paredes com algumas pinturas, revelando um ambiente recheado de arte. Ao centro do bar algumas mesas e cadeiras,  mas o pessoal queria mesmo era ficar em pé.
Antes de o local encher, a banda já começou a tocar e a energia do ambiente que já era boa, ficou ainda melhor. Aos poucos as pessoas iam entrando, encantados pelos sons e pela diversidade de gente que se reuni ali.

As pessoas

No decorrer da noite, me sentia bem ao lado da Cyn e do Thiago enquanto assistia ao Show do Bruno, do Wilian e do Marcelo. A casa ia enchendo cada vez mais. Pessoas de todos os tipos. Fui até o balcão pegar uma cerveja e esbarrei em um índio e não acreditei, comecei a conversar com ele e descobri que seu nome era Jorge. Ele falava de suas apresentações  caracterizado de indígena. Ele falou que gostava de mostrar sua cultura, mas ficou desiludido quando soube que quem o levava para tais apresentações só queria o dinheiro e não estava nem aí para o seu povo. Comentou que deixara sua aldeia e vive agora como um homem branco, disse  que sofria muito preconceito, por isso, saiu de sua tribo Tupinambá, se casou com uma mulher branca e ela foi a única que ele amou, mas a largou, pois ela era extraviada. Não quis entrar em detalhes sobre sua vida amorosa e voltei pra junto dos meus. 
Trocamos de lugar, fomos mais pra perto do palco e ficamos num canto. Ali na parede  havia uma pintura, era um ser meio homem meio peixe que flutuava num céu azul. Certa hora essa criatura grudou no meu pescoço e me passou algumas informações, ele tinha observado uma moça me olhando e falou pra eu ir perto dela. Eu já estava meio desconfiado, pensei que estava sonhando acordado que uma pintura de parede estava falando comigo, mas quis ver até aonde ia essa história. O desenho na parede continuou insistindo pra eu me aproximar da garota, aí então foi a hora que eu decidi desmascara-lo e perguntei: “onde ela está?”
O homem peixe voador chegou perto de mim, me abraçou e falou: “ ali do lado daquele senhor que deve ter uns 90 anos dançando e pulando” Achei isso a gota d’água e gritei com aquele habitante da parede do bar:  “ Você é louco, são duas da manhã, não tem ninguém com essa idade aqui muito menos pulando e dançando” Ele só mandou eu me virar para trás  e olhar e isso foi o que eu fiz. Deparei-me com tudo  que ele falou, a moça me olhando e o senhor eufórico com a sua dança mais que atual. Era tudo verdade.
Me aproximei da moça, me encantei por ela e a fiz se encantar por mim. Com o velhinho, dancei, pulei e dei-lhe um abraço.
Comecei a pensar que estava em um bar num reino encantado, onde todas as pessoas,  independente da idade, da cor e de sua posição social eram iguais. No final da noite cada um foi para sua casa e nós seis que não éramos da Ilha, tivemos que encontrar um canto pra dormir aquele resto de noite que ainda restava.
Dormimos todos num quarto cedido pelo dono do bar. No domingo acordamos tomamos um belo café, que podia ser considerado um almoço. Fomos a algumas praias, esperamos a noite cair novamente e retornamos para São Paulo com algumas certezas em nossas mentes e nossos corações.








quarta-feira, 19 de junho de 2013

Dias de outono em Camburí

Dias de outono em Camburí

Certo dia na praia de Camburí, Litoral norte de São Paulo, vimos uma onda quebrando no final da tarde quando céu azul não mais estava, parecia que ela vinha anunciar o escuro da noite que chegava para nos acolher.
Envolvidos pelos morros verdes, o mar azul e o laranja do céu de outono, vimos o dia virar noite e o calor dar lugar a um frio que pedia uma blusa pra esquenta.
 Às sete horas nossas almas junto com nossos corpos, pediam uma pausa para nos alimentar. Uma breve parada num restaurante e a janta veio nos acalentar. Tudo bem simples, arroz, feijão, salada, farofa e aquele peixe de costume.
Éramos quatro, depois da janta uma se foi, não aguentando o sono entrou no chalé e      dormiu.
Sobraram três com a fome saciada. Parecia que tínhamos hora marcada, fomos à praia pra poder cantar.
Em mãos, um violão e uma escaleta, eram dois tocadores que também eram cantores e eu ali só pra apreciar os mais belos sons que mais pareciam vindos do mar.
Sentados na areia, de repente apareceu mais um com seu instrumento escondido dentro da bolsa e pediu pra participar. Concordamos e ele participou e voltamos a ser quatro na noite escura e fria.
Depois de um tempo a cantoria acabou, o último que se juntou ao grupo sumiu da mesma forma que chegou. O da escaleta foi embora encontrar com a namorada, pra juntos caírem nos braços do Morfeu. Eu e o violeiro entramos num bar, bebemos, ouvimos mais músicas, conhecemos pessoas e no fim da madrugada quase de manhã, fomos embora.
Cada um pro seu canto, a noite se foi o sol nasceu. Acordamos horas depois para viver o dia, compor uma nova história e aproveitar o sol enquanto a noite não chegava novamente.

Autor: Guilherme Batista Emidio

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

DA PRAIA PARA O ROCHEDO


Do litoral para o interior,
Sigo em frente e em cada lugar
As vidas seguem.
Mesmo clima prevalece,
É o calor. 
Pessoas te recebem com simpatia,
Verdadeira demonstração de amor.
Caiçara nativo me respeitou,
Sabe o valor do laço de amizade.
Caipira do interior,
Minha mente transformou.
Me ensinou,
No simples a vida tem mais sabor.
Pra trás deixei areia fina e branca,
Pela frente encontrei chão de terra.
Novos caminhos de paz,
E mais uma vez os lugares que passei,
Ao longo das estradas que percorri,
Me fizeram chorar.
Mas no final daquele caminho de terra,
A poeira baixou, pude ver e sentir,
A paz e o amor.
Entre os montes fiquei.
Da areia da praia lembrei,
E num canto de Minas Gerais
Com a família reunida,
No sítio Rochedo,
De alegria novamente chorei.

Autor: Gui Batista Emidio
E-mail: guilhermebatista_emidio@hotmail.com