terça-feira, 27 de outubro de 2015

Memórias sendo escritas durante a corrida da vida

Descia a Oswaldo Cruz de carona, sentado no banco traseiro, eu olhava para o oeste naquele fim de tarde e via a imensidão verde, eram grandes vales e ao longe, altas montanhas. Estávamos próximos ao Parque Estadual da Serra do Mar, prestes a deixar pra trás a linda cidade de São Luís do Paraitinga. Sentia o vento na cara e o calor de 36 graus. Acompanhado por mais três lindas moças que até duas horas atrás eram completamente desconhecidas, mas a estrada nos tornou próximos.
Quatro viajantes e um destino, era o início de mais uma viagem incrível.
No meio do caminho, no lugar do chá da tarde eu tomei dois goles de cachaça e pensei no que ia jantar quando a fome apertasse.
A serra ficou pra trás e agora já estávamos no mesmo nível do mar. A motorista foi deixando cada um de nós pelas ruas de Ubatuba. Eu fui largado na Thomás Galhardo, bem em frente a rodoviária. Caminhei por aquela rua feito um vagabundo, me senti como SAL PARADISE (personagem de Jack Keroack no livro On The Road) andando andando pela Rua Larimer, em Denver.
Entrei em um mercado, comprei cerveja, água, pão de forma, maionese e milho em lata. Sai, mas tive que voltar até as prateleiras para pegar uma garrafa de São Francisco.
Coloquei tudo dentro da minha grande mochila e fui, mas antes tomei um café e comi uma torta numa padaria que ficava ali na mesma calçada. Depois de alimentado, andei no entardecer até o ponto de ônibus e por sorte peguei rapidamente o ônibus Picinguaba/ Divisa.
Quando desci no km 38,5 da Rio-Santos já era noite, caminhei no escuro rua abaixo próximo de alguns estudantes e finalmente cheguei no meu lar em Ubatuba.
Era 18:30 quando encontrei o Fábio sujo de tinta pintando a Aldeia Itamambuca, o meu refúgio.
Essa era a primeira viagem de uma sequência ininterrupta que ainda não sei quando terá fim. Semanas seguidas despencando serra abaixo de todas as maneiras...
Continua.

(Gui Batista)

O viajante e a estrada